Tuesday, May 31, 2005

Música

I feel for you nothing but pain
I am what you will be, you are dying in me
I love you, I hate you, I miss you...


ill niño - what comes around

Inverno II

Coloquei-me em pequenas caixas
Vazias.
Preenchi comigo, solidões.

Inverno

Quando tudo era triste
Os salgueiros choraram.

Outubro, 13, 2003

Se todos os meus dias
Se resumissem em uma noite
Em um sorriso
Em um beijo
Encabulado...
Seria eu outra pessoa menos sozinha, mais amada?

De todas as minhas horas arrastadas
Se algumas, somente algumas
Se transformassem em silêncios breves
E mãos macias.

Toda a minha vida desacreditei em tudo
Só agora, acredito em amor.

Monday, May 30, 2005

Eu

fico pensando se tivesse sido o contrário, se as coisas não acontecessem como acontecem, se a vida não fosse essa constelação de brilhos que se apagam quando a gente menos espera. Fico mesmo pensando, porque as coisas são desse jeito, se outrora foram outras, mais felizes.

Música

"baby,
o que aconteceu
o ar não foi suficiente?
você não viu
você sumiu, mudou de lugar"

Saturday, May 28, 2005

Izis Morais Lopes dos Reis

Agora
Que de meus pés escorrem
flores e folhas
e frutos
e montam um tapete
para que tu passes pelo perfume
e chegue no topo mais belo do amor;
E que meu mundo torna-se teu, e
nos emaranhamos em nós
como em um cobertor em dia frio;
E que em meus versos
só há seu nome
e sua voz;
Agora,
que de meus pés jorram
margaridas perfumadas
para que você chegue no topo mais alto do
Amor
Tu armas a despedida.

Guilherme Carvalho da Silva

"Conhecer-te
Descobrir-te
Desvelar o que há
em tua existência
e repousar ébrio de teu ser.

Saber-te
Apreender-te
Imiscuir-me em teu mundo
e apreciar as flores e as folhas
que pingam de teus pés.

Esperar tua tez
ao passar das horas
e encontrar-te em teus momentos
e versos.
Ter-me em ti."

Odeio sonhar

Porque meus sonhos são sempre bons, e quando acordo,está frio, e sem alguém ao meu lado.

Para você, na voz de Norah

"what am I to you,
tell me darling true
to me you are the sea
vast as you can be
and deep the shade of blue
when you're feelin' low
to whom else do you go?

i'd cry if you hurt
i'd give you my last shirt
because i love you so.
now if my sky should fall
would you even call?

i've opened up my heart
i never want to part
i'm giving you the ball.
when i look in your eyes
i can feel butterflies
i'll love you when you're blue
but tell me darlin' true
what am I to you?
if my sky should fall
would you even call?

i've opened up my heart
i never wanna part
i'm givin' you the ball.
when i look in your eyes
i can feel butterflies
could you find a love in me?
would you carve me in a tree?

don't fill my heart with lies
i will love you when you're blue
but tell me darlin' true
what am i to you?"

Friday, May 27, 2005

Los Hermanos

"eu quero paz
já me cansei de ser a última saber de ti
se todo mundo sabe o que te faz
chegar mais tarde
eu já cansei de imaginar
você com ela
diz pra mim
se vale a pena, amor
a gente riu tanto desses nossos desencontros
mas você já passou do ponto
agora eu já não sei mais
paz. eu quero paz
quero dançar com outro par
pra variar, amor
não dá mais pra fingir
que ainda não vi
as cicatrizes que ela fez
se dessa vez ela é senhora desse amor
pois vá embora, por favor
e não demora pra essa dor
sangrar."

Izis

Sentiu-se viva ao bater a porta do banheiro no dedo. Viu que ainda existe dor. Que não a do peito.

Poesia

Ponho-me na decadência
das feridas
do amor.
Levo as dores em meu peito
aberto
escancarado.
Nesse ser que me é branco.
E eu me apago.
É meu banho de descarrego do dia. Depois do banho, sempre coloco uma roupa fresca qualquer, uma saia preta e uma blusa branca, um tênis e saio para a vida cotidiana. Não tomo café em casa. Só na rodoviária. Lá, sempre esbarro com Janaína, e, eventualmente, com Virgínia. Mas não fico muito tempo perto. Elas falam demais sobre amor, e eu, desconheço essa figura mitológica. Elas falam de amor e rodas de samba. Duas coisas sobre as quais não sei nada. Só ouço samba em casa, na minha vitrola, e Janaína fica falando de samba à dois, deitados no quarto. Coisa de gente apaixonada. Eu, pelo contrário, não acredito em amor. Não esse amor dessas duas. Não esse amor de Janaína. (...) Quando saio de casa, e vou tomar café na rodoviária, sento em um banco qualquer, com um pão de queijo na mão, e fico olhando o movimento das pessoas. Elas me olham sempre com cara de dó, pois dizem que eu sempre tenho cara de choro. Acho que elas me olham com cara de dó porque eu não dou a mínima para elas.

Tuesday, May 24, 2005

Eu

a cada dia me afasto de Janaína e me aproximo de Izolita.

Janaína

Carta
Vírgina, Izolita, Calamidade, Isolda e Saiwalô,
todas vocês me mal interpretam.
Dizem que eu finjo entender o amor, e que me digo superior. Mas é mentira. Eu não digo que eu entendo o amor. Eu entendo o meu amor. O que eu sinto, e o que eu sou.
Eu entendo de um amor tardio, um amor da entrega, um amor incondicional que é só meu. Um amor do choro, do escorrer pelo cano, do sofrer bonito, que só eu sofro por mim mesma. Entendo de um amor gostoso que me leva por entre as medeixas do chorinho, e me encanta nas rodas de samba. Me encanto por um amor que não deixa vestidos nas casas alheias se não quiser se despir mais vezes. Entendo de um amor que não se rende às lágriams, até que elas sejam verdadeiras. Entendo de um amor que não é real. É só romântico. Entendo de um amor que é Cecília, às vezes, mas que não queria ser. Eu entendo de um amor que é livre para entender as distâncias e as dores, mas não entende a fuga e o não entregar-se. Entendo de um amor que me preenche e me corrompe me aglutina novamente em mim. Entendo de um amor que é dor, quando longe, que é saudade imensa. Entendo de um amor que é romântico, mas sadio. Vocês dizem que eu sou muito alheia ao mundo, porém, não é assim. Eu não sou alheia à ninguém. nem a mim e nem ao mundo. Eu não visto máscaras do querer corpos. Eu quero corpos! E quero almas! Eu quero corpos e almas entrelaçados numa noite fria buscando confluências nos sonhos sobre feijões e laranjeiras. Eu entendo de um amor que é feito de flores e mangueiras. Que se abre como rosa, em sete dias. Mas que não se desmancha como rosas. Entendo de um amor que é eterno, mas que não poda quereres. Entendo de um amor que se deixa levar, que se deixa atrair. Entendo de um amor que é muito, mas muito mais que sexo. Entendo de um amor que é ver o sol se colocar entre as folhas das ávores.
É esse o amor sobre o qual eu entendo.
Eu não quero um amor Sabina, Tereza ou Tomas.
Não quero o amor fugidio de Sabina, o amor massacrado de Tereza, o amor flutuante de Tomas.
Eu quero mesmo é um amor Adélia Prado.

Monday, May 23, 2005

Florzinha

disseram-me, certa vez, que as flores nunca se dão por vencidas.

Izolita

Izolita era uma menina pálida e esguia, com os olhos grandes. Tinha os lábios finos e rosados, e os olhos castanhos, quase pretos. De uma intensidade que só Janaína, Virgínia e Isolda podiam falar.
Izolita morava sozinha desde os 15, e se fingia urbana, quando não passava de bucólica, dessas que paravam em qualquer lugar, só pelo prazer de olhar uma flor. Ela dizia que não sabia aproveitar a vida, mas só não sabia aproveitar o amor.
Os olhos grandes e intensos de Izolita eram sempre enfáticos, mas chorosos, rasos de lágrimas que há muito deveriam ter escorrido, mas nunca foram. Ela dizia que não acreditava em amor, mas era mentira. Isolda dizia que era mentira.
Janaína dizia não saber. Entendia de um amor que era só dela e que ninguém se metia.
Izolita era exatamente como seu nome diz, mas fingia que não. Izolita é sinônimo de solidão.

Sunday, May 22, 2005

Dor nas costas.

tenho uma dor das costas
que me mata,
que não passa.
uma dor inóspita.
não importa quantos travesseiros use
quantos analgésicos tome.
acho que minhas costas esperam
o milagre de
uma noite,
e uma massagem qualquer.

Presentes

Os melhores presentes de aniversário são sempre os inesperados.

Minha mãe fez frango xadrez, para me surpreender. Cecília me deu poesia. Minha irmã me deu um casaco, que eu precisava e ela nem sabia. Uma pessoa me deu um telefonema, poesia e uma tarde linda. E me acudiu à noite, ontem. Meus amigos se lembraram de mim, e da minha comemoração. O garçom, vulgo Lopes, deu-me um beijo na testa.

Eu me dou um dia para pensar que a vida pode ser felicidade.

Ceci

Cecília, essa menina linda, escreveu um texto para mim e todos deveriam ir ler. Não por ser para mim, mas por ser lindo, primazia dessa pessoa que escreve com tanto afinco e com tanta graça!

Ceci, obrigada!

Enfraquecimento

por Nancy Mairs

Meu corpo
está indo embora.

Desaparece
na transparência de uma pedra de âmbar
lapidada
colocada contra o sol.

Encolhe
E se cala.

Pequeno, quieto,
é uma fria e pesada
pedra esfumaçada.

Quem o terá
Quando estiver
pálido e polido
como um osso limpo?

Saturday, May 21, 2005

Amanhã

é meu aniversário.

Friday, May 20, 2005

Viola, Paulinho

"Pra que mentir tanto assim?
Se tu sabes que eu já sei
que tu não gostas de mim
se tu sabes que eu te quero
apesar de ser traído
pelo teu ódio sincero
ou por teu amor fingido."

Wednesday, May 18, 2005

Eu ainda sou um monólogo controverso

hoje, sou grandes monólogos
esperando por conversa.

hoje,
sou vários versos
sem resposta.

sou várias amarguras
embora, sorrisos.

sou dores.
sou pranto,
sou planta.

hoje
sou monólogo. sou diálogo
sou eu, contra mim.

hoje, sou mais que ontem.
mas antes de ontem
era mais que eu.

hoje,
sou dispersa
desperta.

sou luxúria.
só que sou santa.

hoje, sou monólogo
controverso.

Roubo, da Ana

Pedido

três garrafas de cerveja e cachorro quente na noite fria?

jorge.da.capadócia

Machuquei meus próprios pés
para que eu tenha inimigos
e não os alcance.

Alvorada

Lá ninguém sente dissabor...

neste lado de cá,
sentimos.

Tuesday, May 17, 2005

Eu

Porque o que não se
parece
com o que vai gerar,
meu amor.

...

Sunday, May 15, 2005

Desejo

Queria te abraçar de fininho,
e a gente se deixar estar
deitados na sua cama
ouvindo João Nogueira.
Eu, deitada no seu peito
Você, segurando meus cabelos.

Conhece

amor?

Pra falar de música, mais uma vez

I can't take my mind of you.

Caetano

Escreveu um samba bom. Nunca tinha ouvido um samba tão bonito, depois de Cartola.

Samba

Leve-me pelo salão
que eu te ensino a dançar
e rodopiar
com jeitinho de quero mais.

Leve-me, segure minha cintura e
vamos,
e faremos, com nossos passos
várias bolinhas de sabão
reluzentes de amor.

Márcio

Eu queria ter sorte assim, na vida, para que a solidão fosse curada por uma massagem, um afago, um cantarolar uma música qualquer.
Sorte na vida é amar, e saber deixar o amor ir.

Saturday, May 14, 2005

Ainda, na voz de Nina

"trouble in mind
i'm blue
but i won't be blue always
'cause sun is gonna shine
in my backdoor someday
trouble in minde im slow
my poor heart is beating so slow
i never had so much trouble in my life before
i'm going down to the river
gonna give me rock and chair
if the lord don't help me
i'm gonna rock away from here
trouble in mind
i'm blue
but i won't be blue always
'cause sun is gonna shine
in my backdoor someday
trouble in mind
i'm blue
but i won't be blue always
'cause sun is gonna shine
in my backdoor someday"

Eu

sou feita de retrocessos,
rearranjos,
reprocessos.

eu, sou feita de recaídas.
de amor.

outubro de 2003

Todos os meus sonhos se resumem à Ilusão.
Se não há porquê lutar
Pelo quê viver
Ou chorar
De todas as coisas do mundo
O grito era o mais importante.
E todas as paredes, que vedam lágrimas
Que vedam imagens
Que vedam saberes
Acordam soluços
Projetam-se em mim
Como se solidão fosse sobrenome.
Todas as minhas noites
São preenchidas de vácuo de você.
E eu, com minhas mãos frias
Saio de mim como fugindo de um pesadelo
Eterno.
Etéreo.
As vidas já não me parecem promissoras
Quando eu era criança,
quem me dera ter morrido aos doze
Minha mente ainda não era ingrata.
Todas as minhas noites são brisas mornas enquanto quero frio.
Mas meu quarto não tem janelas como estas
E eu, presa em mim, não sei sair.
E todas as paredes vedam meus gritos,
Fraca, já não sei fingir.

Amor

Queria que pudesse renascer.

Céu

Olho as estrelas
e todas soam como supernovas.

Explosões, explosões, explosões
e ondas


de sentimentos vis,
mascarados de sutis.

Passagem

Tudo isso
toda esse meu transitar
(em nós
em mim
em ti
em si)
Coloca-me
na posição
diria, peculiar
de divagar
(ou espelhar)
o que eu mesma
quero de mim.

Diria Florbela Espanca,
"Eu sou a que no mundo anda perdida."

Poesia

queria não ter tirado fotos,
nem colocado as que tirei em porta-retratos.
assim, não haveria lembrança paupável,
quando, agora,
deparamo-nos com o fim.

Música

"Encontrar o seu retiro, encontrar o seu retio, dentro do meu coração"

Na voz de Nina

(1928) walter donaldson, gus kahn

Love me or leave me and let me be lonely
You won’t believe me but I love you only
I’d rather be lonley than happy with somebody else

You might find the night time the right time for kissing
Night time is my time for just reminiscing
Regretting instead of forgetting with somebody else

There’ll be no one unless that someone is you
I intended to be independently blue

I want you love, don’t wanna borrow
Have it today to give back tomorrow
Your love is my love
There’s no love for nobody else

Say, love me or leave me and let me be lonely
You won’t believe me but I love you only
I’d rather be lonley than happy with somebody else

You might find the night time the right time for kissing
Night time is my time for just reminiscing
Regretting instead of forgetting with somebody else

There’ll be no one unless that someone is you
I intended to be independently blue

Say I want your love, don’t wanna borrow
Have it today to give back tomorrow
Your love is my love
My love is your love
There’s no love for nobody else

Friday, May 13, 2005

Poesia

Lembra de nossas danças
ao léu
no véu
na cama
na ponta
da rua?
Lembra da nossa utopia
do desprender-nos
das amarras
da casa
do condomínio
do mundo
da lua?

E lembra, meu bem, quando amor não tinha nome, e éramos só nós dois a respirar esse ar?

Janaína

É louca e sempre fala "eu te amo" na hora errada.

Parafraseando Patrícia

Como assim você tem todas as minhas perguntas, na ponta da língua?

Janaína

Estragou tudo com uma frase. Toda a sua vida foi para o imenso buraco negro da eterna saudade.

Em clima de MCA

"Por você escreveria um livro sobre o insólito,
Guia completo do amor
Eciclopédia do utópico,
Dicionário do amor."

Thursday, May 12, 2005

Rima

Pobre.

Wednesday, May 11, 2005

Janaína

Janaína sabia que nada daquilo acabaria o amor. Sentia que nem o não pegar a cadeira, nem o não ceder o lugar, nem o fingir não prestar atenção na conversa ou fingir ir embora, acabariam o amor. Ele não acabaria seu próprio amor, muito menos o dela.
Ao virar a esquina, após despedirem-se com ares de para sempre, sabia que ele retornaria ao bar, pediria uma dose de uma pinga qualquer, beberia em um gole só, acenderia um cigarro de péssima qualidade e choraria copiosamente.
Ao virar a esquina, sabia que era tudo uma grande mentira, que a despedida não era mais que um até breve, que não era eterna. Sabia que no próximo dia encontrariam-se em um outro bar qualquer, sentariam-se, dividiriam uma mesa e não um balcão, e contariam estórias e histórias amenas. Falariam compulsivamente sobre amores e sabores, ela fingiria ainda manter um companheiro há muito ido para que ele fingisse ser o amante. Ele fingiria ser o dono de um amor livre eterno, que não se prende, para ela sentir-se um rolo qualquer.
Ao virar a esquina, secando as lágrimas, sabia que suas dores eram tão grandes quanto as dele, e se entregou à imagem patética da tentativa ignóbil de estraçalhar o amor. Janaína pensou, então, que bobagem era essa, o medo do estar, e o medo da dor (não que lesse “O Pequeno Príncipe”). Janaína, ao virar a esquina, sentiu a pontada paradoxal que é o amor: hoje se despedia para a eternidade, amanhã juraria amor eterno.
Ao dobrar a esquina a passos curtos em rumo a casa, Janaína pensou em toda a cena atual desse amor-paradoxo: decadente e incandescente, constante abandonar e refazer. Despediam-se lamentosos toda noite na rodoviária, com o olhar de última vez, e, já no outro dia, como que por destino, se esbarravam no primeiro bar em que entravam. Aí, despiam-se de todo o pudor e de todas as lágrimas, e se beijavam em público. Ela, uma mulher casada (para ele), e ele um homem sem amarras românticas (para ela). E a imagem idiota de abandonar o amor lhe voltou à mente.
Ao virar a esquina, pensou em mil coisas, as que sabia e as que não sabia, as que sentia e as que a faziam rir, as que sentia e a faziam chorar, e pensou em voltar, chegar no bar, pegar uma cadeira, e chorar ao lado dele. Recuou um ou dois passos, mas resignou-se e pôs-se a andar novamente. Não que não tivesse uma profunda vontade de vê-lo e falar-lhe de toda essa imbecilidade que era armar encontros como se fosse o fim de tudo... (afinal, isso acontecia toda semana, quando não ele, ela armava) Claro que tinha. Mas foi-se embora pensando em poemas. Ao virar a esquina sabia que amanhã o telefone tocaria, e os dois iriam tomar uma cerveja decente em um bar qualquer de agrado dos dois. Janaína foi-se embora dolorida, com um medo de que, de fato, aquela fosse a última vez, mas pensou em poesia.

Vai embora, Amor,
Que não te quero.
Vai embora, Amor,
Que não te quero em mim.
Vai embora, Amor,
Pois não te quero.
Vai-te embora, Amor!
Sei que se ficar
Nunca irás embora, enfim.

Tuesday, May 10, 2005

Norah

"Like the desert
waiting for the rain"

Janaína

Fala palavras bonitas, come pastel na rodoviária, tem medo de barata, rato e leão, tem brincos de lua, usa colares de hippie que destoam de suas roupas, gosta de calcinhas coloridas e de cuecas brancas, sonha, sonha, sonha, não comeu durante duas semanas, ouve descontroladamente músicas três e quatro dos cds, tem mania de colocar as músicas no 'repeat', viu tantos filmes que já nem se lembra mais, gosta de vestidos de bolinhas e outros de florzinhas, quer o quarto verde, mas pediu para pintarem de lilás (que não é cinza), não lê mais literatura, tem 3 sobrinhos, mas nem gosta de criança, é de lua, é de angústia, é de amor, fala palavrão, xinga no trânsito, conversa com a televisão, escreve cartas que ninguém vai ler, diz coisas sem noção, pede desculpas demais, se culpa demais, espalha roupas pelo chão e não junta depois, é péssima em palavras-cruzadas, não usa vestido de chita, não sabe o que é ser urbana ou suburban, muito menos rural, não se enquadra, não se encaixa, não é intelectual, não sabe o que faria se este fosse seu último dia, bebe compulsivamente, deixou morrer sua árvora da felicidade, nunca achou dinheiro no chão, não diz eu te amo para mãe, se entrega às suas dores do mesmo jeito que aos amores, espera os amigos ligarem, não se interessa por saber nomes de atores, não lembra o dia do aniversário de ninguém, nem dela.

Janaína usa brincos de lua e colares de hippie, para ver se algum dia surge em tudo algum sentido mítico. Mas tudo o que surge são as banalidades dos dias.

Monday, May 09, 2005

Janaína

Tinha um sorriso torto nos lábios, mas ele disse que lhe caía bem.

Diálogo forjado

(fiz, com coisas minhas e da Patrícia)

Diálogo da dor. (ou o complexo do amor)

a. “Chegue, pegue uma cadeira, divida a mesa comigo. Pode sentar, eu deixo você sentar.”
b. “Não vem aqui, não pode se aconchegar, não senta na mesa comigo de novo, aqui só tem espaço para uma cadeira.”
a. “Pode beber do meu copo. Reparta seu sonhar comigo. Vinho é bem gostoso mesmo, gosto de bebidas doces. Pode, sim, chegar mais perto.”
b. “Amor, pode me levar a mal, porque agora quando te digo amor é só força de expressão”
a.“Sente-se desse lado da mesa. Não, esse anel não quer dizer mais nada. Ele disse algum dia. Não faz mais sentido. Isso, chega mais perto, me abraça. Fica mais um minuto.”
b. “Eu não precisava de um minuto, amor, precisava era da vida inteira. Mas a gente é feliz com o que tem, não com o que perdeu, certo?”
a. “Esse negócio de sofrimento é só uma boa desculpa para nos fazermos de bobos e abandonar o amor. Eu jamais quero abandonar o amor.”
b. “Meu bem, não me mande notícias nunca, nem se estiver do outro lado do oceano e, por acaso, sentir minha falta. Eu estou te expulsando, entende?”
a. “Amor, como é que pode ser assim? Se até ontem Eu me vestia com sapatos feios, você com shorts engraçados. E a gente ia levando. E se deixando levar.”
b. “Eu preciso de alguém que seja poesia porque cansei de me dar de graça.”
a. “Eu ainda quero meu amor descabido, desmedido. ainda quero minha ânsia louca de ouvir músicas na vitrola. Mas, meu amor, eu quero mesmo é Janaína.”

Poesia

Poesia adora flores. Mas as mais bonitas, diz, são as margaridas brancas. Aquelas do mal-me-quer, bem-me-quer. Poesia adora margaridas e adora o jogo. É a única sortuda na face da terra. Sempre cai no bem-me-quer.

Janaína

Ao olhar-se no espelho pela manhã, Janaína notou-se menos desfigurada. Já não tinha olheiras tão profundas, e suas maçãs do rosto estavam até coradas.
Ao acordar, depois de um dia que pareceu mais um sonho, Janaína revigorou-se na esprança de algum dia ter novas possibilidades. E procurou algumas moedas de um real invisíveis, mas que lhe deram sorte.
Janaína, menina sonhadora, acredita, agora, no próximo dia.

Sunday, May 08, 2005

Poesia

Meu coração tem um batuque
Raro
De samba gostoso,
de verdade.

Primeiro

pois
sou a angústia presa na
garganta

vontade de chorar no seu colo

mas sou pranto
entalado na boca
do estômago.

Música

"Tire seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor
Hoje para você eu sou espinho, espinho não machuca flor.
Eu só errei quando juntei minha alma à sua,
O Sol não pode viver perto da Lua.
Tire o seu sorriso do caminho
que eu quero passar com a minha dor
Hoje para você eu sou espinho
Espinho não machuca flor
Eu só errei quando juntei minha alma à sua
O sol não pode viver perto da Lua
É no espelho que eu vejo a minha mágoa
A minha dor e os meus olhos rasos dágua
Eu na sua vida, já fui uma flor
Hoje sou espinho, seu amor.
Eu só errei quando juntei minha alma à sua
O sol não pode viver perto da Lua.
Tire seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor.
Que eu quero passar com a minha dor."

Nelson Cavaquinho e
Guilherme de Brito

Vazio

Nessa ânsia que sinto não há monólogo, diálogo ou palavras.

Tornar-se desapercebida na multidão, ser uma qualquer que não lembra-se o número do telefone, da casa, da rua... tornar-se uma Izis vazia.

Sonho

Janaína sonhou que a cada dois passos achava uma moeda de um real. E ia coletando, como se coletasse letras bonitas, com os olhos brilhando. À Janaína sempre diziam que achar dinheiro é sorte. Achar várias moedas, então, deveriam trazer toda a sorte do mundo. Mais até que acreditar em Deus. Janaína coletava moedas a cada dois passos, e seu amor ia sorrindo à tira colo. Antes era mesmo um amor vazio, mas a sorte propagada pelo achar dinheiro transformou-o em amor de dois. Janaína sonhou que achava moedas em cada esquina, esquadria, portal, porta, janela, cabeceira. Tirou a sorte grande em sonhar sonhos bons.

Pena que, ao acordar, viu que o amor que tinha era amor de um só.

Saturday, May 07, 2005

Poesia

Chega mais perto, me abraça. Eu encosto minha cabeça no seu ombro, e suspiro.

Um passado.

Poesia (ou monólogo)

Chegue, pegue uma cadeira, divida a mesa comigo. Pode sentar, eu deixo você sentar. Quer olhar meus anéis e pulseiras? O colar veio de Amsterdã. É sim, meu primo trouxe para mim. O brinco? Comprei ano passado. Bonito? Suas pulseiras também. Pode beber do meu copo. Reparta seu sonhar comigo. Vinho é bem gostoso mesmo, gosto de bebidas doces. Pode, sim, chegar mais perto. Gosto muito dessa música que você tá cantando. Nostálgica? É... talvez por isso eu goste. Não sei. É de quem mesmo? Sou péssima de memória. Amanhã? Não vou fazer nada à noite. Ler um pouco à tarde. Claro, a gente pode ir olhar flores no parque. Pode pedir algo para comer, a gente divide o prato. Se quiser, vamos comer comida chinesa. Macarrão frito? Ótimo. Vá ao banheiro, eu espero. Sente-se desse lado da mesa. Não, esse anel não quer dizer mais nada. Ele disse algum dia. Não faz mais sentido. Minhas mãos estão bem frias. As suas também. É esse clima de Brasília. Pode encostar seu ombro no meu. A gente deve ser quase da mesma altura. Vamos pedir a conta? Podíamos ir ver as luzes da Esplanada. Claro, claro. As palmeiras de lá são as únicas que me agradam. Adoro poesia. Mas não entendo de flores. Só de barrigudas. Elas ficam floridas duas vezes no ano... mas uma dessas vezes não são flores de verdade... Quando ficam brancas (e mais bonitas), não estão dando flores, mas é como se fossem. Não, não tenho medo de escuro. Tenho medo de morrer doente. O que acho do amor? Proporciona os melhores suspiros. E você? Ah, sim, sempre vale a pena deixar-se levar. Não, não estou bêbada... duas taças de nosso vinho não me deixaram bêbada. Passo a noite contigo. É boa companhia. Cinema italiano? Prefiro francês. Pornográfico, mas dramático. Italiano é leve demais. Gosto da leveza, mas o drama me satisfaz. A gente passa no supermercado, compra um cd de samba qualquer. Dicró? Só se for a música da mulher que quebra vidraça de delegacia. A gente samba, samba sim. Samba raro e clássico. Jorge Ben? Quando os alquismistas vão chegar? Eles estão chegando... mas eu não sou muito mítica. Se já tirei tarô? No bar uma mulher tirou para mim... Foi quase como um samba malandro. Deixar-se ir com a realidade nua e crua. Não, não acreditei. Pára de rir, eu paguei bem pouco. Ela só me disse o que eu já sabia, oras! Chegue... pegue em meu cabelo. É liso assim mesmo. Pele boa? Não, bem seca. Eu acho. A sua também é boa. Gostoso tocar seu rosto. Pára o carro! Olha só, aquela flor. Coloca na carteira, para não dizer que nunca te dei nada! São os presentes mais bonitos, os mais simbólicos. Guardará para sempre? Eu também. Tenho péssima memória só para o que não importa. Flores importam. Nossa, que jardim bonito. O meu não é tão bem cuidado. Não sei muito bem lidar com ele, ainda. Que rosa linda. Parece comigo? Que gentileza. Parece melodia. Sente meu coração? É batuque mesmo. Sinto o seu sim, ele bate no mesmo ritmo em que você balança seu pé. Nunca tinha reparado? Não tinha ninguém para ouvir direito o toque dele. Estou com frio, pode trazer outra coberta? Isso, chega mais perto, me abraça. E eu adormeço de fininho.

Friday, May 06, 2005

Paradoxo

Queria esse amor expurgado, enxotado, exorcizado, enlatado, revirado, ido e não voltado. Queria esse amor encurralado, bloqueado, laqueado. Queria esse amor embaralhado, estilhaçado (em mil pedaços). Queria esse amor esfaqueado pelas costas, morto sem dó nem piedade. Queria esse amor sem dor de samba, sem Noel Rosa cantado por João Nogueira. Queria esse amor encaminhado para o vão, o breu, o seu. Queria esse amor indignado, perturbado, revoltado! Queria esse amor empapuçado! Endiabrado! Revirado! Queria esse amor infundado!

eu sou só controversos

Me and thw music II

Todas as músicas, felizes ou tristes, parecem ter sido escritas exatamente para mim.

Me and the music

A felicidade de Dona Maria Bonita é trançar redes de renda nordestina para que esses novos casais floridos possam deitar-se e aconchegar a vida. A felicidade de Dona Maria Bonita é olhar suas mãos cheias de vida.

Música

"Eu não quis sofrer, eu não queria gostar de você."


a mentira maior é que eu queria. eu queria e eu quero. eu ainda quero meu amor descabido, desmedido. ainda quero minha ânsia louca de ouvir músicas na vitrola. ainda tenho a votnade de fazer um samba - raro ou clássico, desde que com melodia suave. a mentira de tudo isso é que eu quis gostar, quis amar, quis me entregar, quero me entregar. quero abarcar no meu peito algo que não seja essa sensação de infarto! que não seja essa sensação de inferno!
quero deitar na rede de renda nordestina, que inventei em meus sonhos, da dona maria bonita. quero sentir na boca o gosto da pele, e sentir no corpo, o tato. quero sentir tudo isso de novo, sem esse medo - que já não é meu.
esse negócio de sofrimento é só uma boa desculpa para nos fazermos de bobos e abandonar o amor. eu jamais quero abandonar o amor. nem esse amor. eu não queria sofrer, mas eu quero mesmo gostar de você.

Wednesday, May 04, 2005

2002

Não me importa quem amei em 2002. Importa meu amor agora.

Tuesday, May 03, 2005

Nancy

"my baby shot me down."

In(sanidade)

Pior que amar é querer ser um cachorro.

(in)sanidade

às vezes tenho a impressão de que eu mesma escorro pelos meus dedos. e vou fluindo nessa dor que me demove.

Monday, May 02, 2005

Eu.

Você lavava as roupas, e eu fazia a comida.
Eu comia as partes com castanhas, você com uvas-passa.
Eu me vestia com sapatos feios, você com shorts engraçados.
E a gente ia levando. E se deixando levar.

Eu?

Exótica?
Mentira!
Não sou exótica.
Talvez a melhor definição seja:
caótica.

Dor IV

Dói.
Consome-me o amor.

Dor III

Dói?
Essa dor intransigente,
intermitente
impertinente.
Dói? Dói!
Essa dor
inconsequente.

Dor II

Dó, dói, dói.
Toda essa saudade que emana do
meu corpo.

Dor I

Dói, dói, dói mesmo.
Pior qeu amar
É deixar pra lá.

Viagem

Ninguém sabe, mas quase fui morar na Bélgica na semana que passou.

Novamente

Essa dor que eu preencho
é puro amor.

Saber

Saber, saber, não sei.

Mas vou-me indo, deixando levar.

Sunday, May 01, 2005

Tristeza não tem fim, felicidade sim...

A lembrança nostálgica de Porto Alegre me invade. Você cantava no meu ouvido, essa música, e eu pensava como podia ser o contrário da letra.

A sua voz bonita ferve minha face, mesmo que na saudade.