Janaína
Fala palavras bonitas, come pastel na rodoviária, tem medo de barata, rato e leão, tem brincos de lua, usa colares de hippie que destoam de suas roupas, gosta de calcinhas coloridas e de cuecas brancas, sonha, sonha, sonha, não comeu durante duas semanas, ouve descontroladamente músicas três e quatro dos cds, tem mania de colocar as músicas no 'repeat', viu tantos filmes que já nem se lembra mais, gosta de vestidos de bolinhas e outros de florzinhas, quer o quarto verde, mas pediu para pintarem de lilás (que não é cinza), não lê mais literatura, tem 3 sobrinhos, mas nem gosta de criança, é de lua, é de angústia, é de amor, fala palavrão, xinga no trânsito, conversa com a televisão, escreve cartas que ninguém vai ler, diz coisas sem noção, pede desculpas demais, se culpa demais, espalha roupas pelo chão e não junta depois, é péssima em palavras-cruzadas, não usa vestido de chita, não sabe o que é ser urbana ou suburban, muito menos rural, não se enquadra, não se encaixa, não é intelectual, não sabe o que faria se este fosse seu último dia, bebe compulsivamente, deixou morrer sua árvora da felicidade, nunca achou dinheiro no chão, não diz eu te amo para mãe, se entrega às suas dores do mesmo jeito que aos amores, espera os amigos ligarem, não se interessa por saber nomes de atores, não lembra o dia do aniversário de ninguém, nem dela.
Janaína usa brincos de lua e colares de hippie, para ver se algum dia surge em tudo algum sentido mítico. Mas tudo o que surge são as banalidades dos dias.
Janaína usa brincos de lua e colares de hippie, para ver se algum dia surge em tudo algum sentido mítico. Mas tudo o que surge são as banalidades dos dias.
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